O recente bloqueio da plataforma de vídeos Rumble no Brasil, determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, trouxe impactos que vão além do próprio serviço, atingindo diretamente a Truth Social, rede social criada por Donald Trump.
A decisão, tomada em 21 de fevereiro de 2025, ordenou a suspensão do Rumble no país por descumprimento de ordens judiciais, incluindo a exigência de nomear um representante legal no Brasil e bloquear contas específicas. Como a Truth Social depende da infraestrutura de armazenamento e streaming de vídeos da Rumble, o bloqueio acabou comprometendo o acesso a conteúdos multimídia da rede de Trump em território brasileiro, gerando um efeito cascata que pode ter implicações diplomáticas e tecnológicas inesperadas.
Esse cenário expõe uma relação de interdependência entre as duas plataformas, ambas alinhadas a valores de liberdade de expressão e frequentemente associadas a figuras conservadoras nos Estados Unidos. A Truth Social, lançada em 2022 como uma alternativa às grandes redes sociais tradicionais, utiliza os serviços de nuvem da Rumble para suportar sua operação, uma parceria estratégica que agora enfrenta desafios em mercados internacionais como o Brasil.
Com o Rumble fora do ar por aqui, usuários brasileiros da Truth Social relatam dificuldades para visualizar vídeos, o que compromete a experiência na plataforma e levanta questões sobre a vulnerabilidade de redes sociais que dependem de terceiros para sua infraestrutura, afinal, você tem um site, mas não precisa ter um data center próprio para isso.
Para o Brasil, a situação pode se tornar delicada. Donald Trump, agora presidente dos Estados Unidos em seu segundo mandato, iniciado em janeiro de 2025, tem na Truth Social não apenas um empreendimento comercial, mas uma ferramenta de influência política global.
O bloqueio, mesmo que indireto, de sua plataforma no país sul-americano pode ser interpretado como uma afronta por parte do governo ou do judiciário brasileiro, especialmente considerando que a ordem partiu de Moraes, figura central em embates recentes envolvendo liberdade de expressão e regulação digital.
Embora o foco inicial fosse o Rumble acusado de não cumprir determinações como a remoção de conteúdos ligados a Allan dos Santos, influenciador investigado por disseminar desinformação, o impacto na empresa de Trump adiciona uma camada de sensibilidade política. As possíveis consequências desse imbróglio são multifacetadas.
Por um lado, há o risco de tensões nas relações Brasil-EUA, especialmente se a administração Trump optar por reagir ao que poderia classificar como “censura” a uma empresa americana. Para o Brasil, o custo pode ir além de uma simples disputa judicial, afetando sua posição em negociações internacionais e sua imagem como um país aberto à inovação tecnológica.