O Iraque, uma nação marcada por sua rica história e desafios contemporâneos, ultrapassou recentemente a marca de 46 milhões de habitantes, consolidando-se como um dos países mais populosos do Oriente Médio. Esse crescimento populacional reflete uma combinação de altas taxas de natalidade e uma resiliência notável diante de décadas de conflitos e instabilidade.
No entanto, um dado que chama atenção é o índice de educação: menos de 16% da população teria acesso a níveis educacionais significativos, o que levanta questões sobre o futuro do desenvolvimento humano no país.
Esse cenário educacional não é apenas um número estatístico, mas um reflexo das cicatrizes deixadas por guerras, sanções econômicas e prioridades governamentais que, por muito tempo, favoreceram a reconstrução física em detrimento da formação intelectual. Historicamente, o Iraque já foi um polo de conhecimento basta lembrar que, na década de 1980, o país foi reconhecido pela UNESCO por seus esforços contra o analfabetismo.

Hoje, porém, a realidade é outra: o sistema educacional enfrenta obstáculos como infraestrutura precária, falta de professores qualificados e acesso limitado, especialmente em áreas rurais e entre mulheres. Com mais de 60% da população na faixa economicamente ativa (entre 15 e 64 anos, conforme estimativas recentes), o Iraque está em uma janela demográfica que poderia impulsionar seu progresso, desde que a educação acompanhe esse potencial.
A baixa taxa de escolaridade, inferior a 16%, sugere que a maioria dos iraquianos não avança além de níveis básicos de instrução um contraste gritante com o legado da Mesopotâmia, berço de algumas das primeiras formas de escrita conhecidas. Segundo dados do censo de 2024 divulgado pela agência de notícias iraquiana INA, a população atingiu 45,4 milhões, mas projeções indicam que já ultrapassou os 46 milhões em 2025, considerando o crescimento anual de cerca de 2%.
Essa situação educacional não é homogênea. Nas cidades, como Bagdá, que abriga milhões de habitantes, há mais oportunidades de ensino, mas nas regiões curdas do norte ou nas áreas rurais do sul, o acesso é drasticamente reduzido. A desigualdade de gênero também pesa: mulheres enfrentam barreiras culturais e logísticas que ampliam o abismo educacional.
Enquanto o governo celebra o “dividendo demográfico” destacado pelo primeiro-ministro Mohammed Al-Sudani em 2024, a falta de investimento em educação pode transformar essa vantagem populacional em um fardo. Olhando adiante, o Iraque tem a chance de reescrever sua narrativa.
Inspirar-se em seu passado glorioso, quando a região era um farol de aprendizado, poderia guiar políticas que priorizem escolas, professores e alunos. Com 46 milhões de vozes, o país carrega um potencial imenso mas sem educação, esse coro pode permanecer silencioso demais para ecoar no futuro.