A Mercedes-Benz está dando um passo ousado rumo ao futuro da mobilidade elétrica ao iniciar os testes de suas baterias de estado sólido, uma tecnologia que pode redefinir o que esperamos dos carros movidos a eletricidade.
Com a promessa de alcançar mais de 1000 quilômetros de autonomia em uma única carga, a montadora alemã não está apenas acompanhando a evolução do setor automotivo ela quer liderá-la. Esse marco, que começou a ser testado em estrada no início de 2025, é resultado de uma parceria estratégica com a Factorial Energy, uma empresa que tem se destacado na pesquisa de soluções energéticas avançadas.
Diferente das baterias tradicionais de íons de lítio, que dependem de eletrólitos líquidos, as baterias de estado sólido utilizam um material sólido para conduzir a energia. Esse simples cambio estrutural traz vantagens impressionantes: maior densidade energética, o que significa mais quilômetros por carga, e uma redução no peso total do sistema.

Imagine um sedã elétrico como o Mercedes EQS, que já impressiona com seus mais de 800 km de alcance, agora superando a barreira dos 1000 km sem sacrificar espaço ou conforto. Dados preliminares sugerem que o protótipo em teste, equipado com uma bateria de 118 kWh, pode atingir essa marca no ciclo WLTP, um padrão rigoroso que simula condições reais de uso. Mas não é só sobre distância.
Essas baterias também prometem eficiência superior. Por dispensarem sistemas complexos de resfriamento ativo comuns nas baterias convencionais , elas adotam um resfriamento passivo, simplificando o design e cortando peso extra. Isso não apenas melhora o desempenho energético, mas também pode tornar os veículos mais leves e ágeis.
Além disso, a segurança ganha um reforço: sem eletrólitos líquidos inflamáveis, o risco de incêndios diminui significativamente, um ponto que pode tranquilizar até os mais céticos em relação aos elétricos. O que torna essa iniciativa da Mercedes tão empolgante é o timing.
Enquanto concorrentes como a Nio já exibem modelos com autonomias próximas disso (como o ET7, com 1050 km) e a BYD planeja suas próprias baterias de estado sólido para 2027, a Mercedes está trazendo essa tecnologia para a estrada agora, em 2025.
É uma demonstração de que o conceito saiu dos laboratórios e está pronto para enfrentar o mundo real. Siyu Huang, da Factorial Energy, destacou que integrar baterias de lítio metálico de estado sólido em uma plataforma de produção é um “feito histórico”, sinalizando que a indústria automotiva está diante de uma nova era. Claro, desafios permanecem.
O custo de produção dessas baterias ainda é mais alto que o das tradicionais, o que pode limitar sua adoção em massa no curto prazo. Mas o potencial é inegável: se a Mercedes conseguir escalar essa tecnologia mantendo a qualidade e o luxo que a definem, ela não só elevará o padrão dos veículos elétricos, mas também pressionará outras montadoras a acelerarem suas próprias inovações.
Para os consumidores, isso significa a possibilidade de viajar longas distâncias sem a ansiedade de recarga, aproximando os elétricos da praticidade dos carros a combustão e, quem sabe, superando-os. Em um mundo onde a autonomia é rei, a Mercedes está apostando alto. Se esses testes vingarem, os 1000 km podem ser apenas o começo de uma revolução elétrica que redefine como nos movemos.