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EUA: A prisão de Mahmoud Khalil por organizar protesto pró-palestina

O argelino que escolheu se envolver em uma causa que não era diretamente sua, embarcando em um movimento cuja rota, inevitavelmente, pode levá-lo a um destino inesperado.

A prisão de Mahmoud Khalil, um estudante argelino detentor de um green card, nos Estados Unidos, em 9 de março de 2025, marcou o início de uma onda de ações que o presidente Donald Trump prometeu intensificar.

A detenção, realizada logo após a assinatura de uma ordem executiva voltada a coibir o que o governo chama de “atividades antiamericanas”, colocou o jovem ativista pró-Palestina no centro de um furacão político. Trump, ao comentar o caso, declarou que essa seria apenas “a primeira de muitas prisões que ainda estão por vir“, sinalizando uma escalada na repressão a indivíduos que, segundo ele, ameaçam os valores do país.

Khalil, que estudava na Universidade de Columbia e organizava protestos contra o ataque em Gaza, foi capturado em sua residência no campus, um espaço que, até então, muitos consideravam um refúgio para debates e mobilizações. Sua condição de residente permanente, garantida pelo green card obtido por meio de seu casamento com uma cidadã americana, não foi suficiente para protegê-lo.

O Departamento de Segurança Interna dos EUA justificou a ação ao classificá-lo como um “líder de atividades alinhadas ao Hamas”.

A ordem executiva de Trump, assinada dias antes, reflete uma política de tolerância zero que vai além da imigração ilegal, atingindo até mesmo aqueles com status legal. Diferente de medidas passadas, que focavam em deportações de indocumentados, essa nova diretriz parece mirar alvos específicos como ativistas, estudantes, ou qualquer um que o governo perceba que apoie abertamente terroristas.

A prisão de Khalil, nesse sentido, não é apenas um incidente isolado; é um aviso. O presidente, ao destacar que mais detenções virão, sugere que o caso é o pontapé inicial de uma campanha mais ampla, uma que pode redefinir os limites, se apoia terroristas, será uma pessoa que não poderá estar em solo americano.

O timing da ação também chama atenção. Em março de 2025, os Estados Unidos vivem um clima de polarização renovada, com Trump recém-empossado em seu segundo mandato e determinado a cumprir promessas de campanha que incluem uma postura dura contra o que ele chama de “influências externas nocivas”.

Khalil, com sua origem argelina e seu ativismo pró-Palestina, encaixa-se perfeitamente no perfil que o governo quer projetar como ameaça. Sua detenção, no entanto, levanta um paradoxo:

Como alguém com residência legal, integrado à sociedade americana, pode ser tratado como um inimigo interno? A explicação é direta: mesmo quem já conquistou a cidadania pode perdê-la por diversas razões, e no caso de Khalil, ele sequer chegou lá, possui apenas o green card.

Para além da política, o caso expõe as tensões entre segurança nacional e direitos individuais, mas qual é o direito de apoiar terrorismo abertamente em um país que o recebeu de forma legal? A Universidade de Columbia, um dos palcos de protestos intensos em 2024, tornou-se um símbolo da resistência estudantil, e a prisão de Khalil dentro de seus muros envia uma mensagem clara às gerações mais jovens: o ativismo tem um preço.

Enquanto apoiadores de Trump celebram a medida como um passo para “proteger a América”, críticos alertam que ela pode abrir um precedente perigoso, onde o green card outrora um passaporte para o sonho americano perde seu valor, mas muito perdem seu tão sonhado green card, basta sair fora dos trilhos em algo sério que o país não tolera.

Se Trump levar adiante sua promessa, a prisão de Khalil será apenas o começo de uma ofensiva maior. O que está em jogo vai além do destino de um estudante argelino que escolheu se envolver em uma causa que não era diretamente sua, embarcando em um movimento cuja rota, inevitavelmente, pode levá-lo a um destino inesperado.

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