Para Portugal, o dia 18 de maio não será apenas uma eleição, mas um momento de introspecção
Portugal atravessa mais um capítulo de instabilidade política com a decisão do presidente Marcelo Rebelo de Sousa de dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas para 18 de maio de 2025.
O anúncio, feito nesta quinta-feira, 13 de março de 2025, é mais uma tentativa de devolver ao povo a responsabilidade de redefinir o rumo do país em meio a uma crise que derrubou o governo de Luís Montenegro. A medida, embora drástica, não é inédita na história portuguesa, mas sublinha um momento de fragilidade que exige resposta rápida e participação popular.
A dissolução ocorre após a queda do primeiro-ministro Montenegro, pressionado por denúncias de suposto conflito de interesses ligado à sua empresa familiar, a Spinumviva. Sem apoio parlamentar para sustentar o governo, a moção de confiança apresentada pelo Executivo foi rejeitada, pavimentando o caminho para a decisão presidencial.
Marcelo, conhecido por sua postura ativa em momentos de crise, optou por acelerar o processo político, consultando partidos e o Conselho de Estado antes de fixar a data que, segundo ele, atende ao desejo majoritário das forças políticas de dar voz aos eleitores o quanto antes.

O calendário escolhido não é trivial, maio de 2025 marca a terceira eleição legislativa em apenas três anos, evidenciando um ciclo de turbulência que desafia a estabilidade governativa do país. A data de 18 de maio foi estrategicamente selecionada para cumprir os prazos legais.
A lei eleitoral exige ao menos 55 dias entre a dissolução e o pleito para evitar sobreposições com celebrações nacionais, como o 25 de Abril, que poderiam dividir a atenção pública. Em suas palavras, Marcelo enfatizou a necessidade de um processo “rápido e claro”, uma abordagem que reflete tanto sua confiança na democracia participativa quanto a urgência de superar o impasse atual.
Esse movimento presidencial não apenas encerra um governo fragilizado, mas também abre espaço para uma renovação política em um contexto de crescente polarização. A campanha que se avizinha será um teste para os partidos, que terão de conquistar a confiança de um eleitorado cansado de crises sucessivas. Para Portugal, o dia 18 de maio não será apenas uma eleição, mas um momento de introspecção coletiva sobre os rumos de sua governança.