A lista também abrangeu figuras como Fauci e o general aposentado Mark Milley
Donald Trump, empossado como presidente dos Estados Unidos em janeiro de 2025, abriu uma nova frente de batalha política ao questionar a legitimidade dos perdões emitidos por Joe Biden em seus últimos dias no cargo.
Em uma série de declarações, Trump classificou essas medidas de clemência como “nulas e sem efeito”, alegando que foram assinadas por um dispositivo automático, o autopen, sem o conhecimento ou aprovação direta de Biden.
A controvérsia, anunciada em 17 de março de 2025, também inclui acusações de que os responsáveis pelo processo podem ter agido ilegalmente
Trump foi além, apontando o dedo para o chamado “Comitê de Desmarcação”, referência ao grupo da Câmara que investigou o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Ele acusou seus membros de “destruir e apagar todas as evidências” coletadas durante o que chama de “caça às bruxas” de dois anos contra ele e outros supostamente inocentes, sugerindo que agora estão vulneráveis a investigações rigorosas.
“O fato é que eles provavelmente forjaram os documentos assinados em nome de Biden, o pior presidente da história, sem que ele soubesse ou consentisse”, disparou Trump, em um tom que mistura indignação e promessa de retaliação.
Biden, por sua vez, deixou um legado de clemência sem precedentes, nos quatro anos de mandato, ele realizou 8.064 ações desse tipo, superando qualquer outro presidente americano, segundo dados do Departamento de Justiça dos EUA
Horas antes de passar o bastão a Trump, em 20 de janeiro de 2025, ele assinou perdões preemptivos para proteger familiares como James Biden, Sara Jones Biden, Valerie Biden Owens, John T. Owens e Francis W. Biden, justificando a medida como um escudo contra “ataques politicamente motivados” que poderiam surgir sob a nova administração.
A lista também abrangeu figuras como Fauci, o general aposentado Mark Milley e membros do comitê do 6 de janeiro, refletindo uma estratégia de defesa contra ameaças de Trump feitas durante a campanha

A questão do autopen é o cerne da argumentação de Trump, ele sustenta que, por não terem a assinatura manual de Biden, os perdões carecem de validade, uma tese que contrasta com precedentes legais. Um parecer de 2005 do Departamento de Justiça, sob George W. Bush, afirma que o presidente não precisa assinar fisicamente documentos para que sejam válidos, desde que autorize sua execução.
Além disso, a Constituição americana, em seu Artigo II, Seção 2, dá ao presidente poder amplo e unilateral para conceder clemência, sem estipular que um sucessor possa anulá-la. Especialistas sugerem que, mesmo que o autopen tenha sido usado, isso não compromete a legalidade, tornando a ofensiva de Trump mais simbólica do que prática.
O pano de fundo é intensamente político, os perdões de Biden foram vistos como uma resposta direta às promessas de Trump de “retribuição” contra adversários, incluindo Fauci, a quem ele culpou por políticas da pandemia, e o comitê do Capitólio, que investigou suas ações em 2021.
Já Trump, ao atacar a validade desses atos, busca deslegitimar o legado de Biden e reacender a narrativa de um governo anterior manipulado por forças ocultas. A menção a possíveis crimes por parte de assessores de Biden eleva a tensão.
Esse embate mostra uma erosão na confiança mútua entre os dois líderes e suas visões para a justiça americana. Biden usou a clemência como uma barreira preventiva, enquanto Trump a transforma em munição para sua agenda de revanche.
O caso pode chegar aos tribunais, mas, por ora, serve como um palco para Trump reafirmar seu domínio político e desafiar os limites do poder executivo, uma dança que promete manter os EUA em suspense enquanto ele redefine o tom de sua presidência.