Com a ausência temporária do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que anunciou uma licença de seu mandato em 18 de março de 2025 para permanecer nos Estados Unidos, o Partido Liberal (PL) precisou ajustar seus planos para a liderança da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados.
Após semanas de intensas negociações e embates com o governo, o PL, que detém a maior bancada da Casa com 92 deputados, confirmou o deputado Luciano Zucco (PL-RS) como o novo indicado para assumir o comando do colegiado.
A escolha é uma estratégia do partido para manter sua influência em um dos espaços mais estratégicos do Legislativo, mesmo diante das turbulências envolvendo o nome de Bolsonaro.
Luciano Zucco, conhecido por sua postura firme e alinhamento com os ideais bolsonaristas, surge como uma alternativa que preserva a linha política do PL. Zucco traz um perfil menos exposto globalmente, mas igualmente combativo.
Sua indicação foi endossada tanto pelo presidente Jair Bolsonaro quanto pelo próprio Eduardo, que, em um vídeo publicado em suas redes sociais no dia da licença, justificou sua saída como uma resposta à “perseguição” do STF, especialmente do ministro Alexandre de Moraes. A troca ocorre em um momento delicado, às vésperas do julgamento de Jair Bolsonaro no STF por suposta tentativa de golpe, marcado para 25 e 26 de março de 2025.
A Comissão de Relações Exteriores, responsável por debater política externa, tratados internacionais e questões de defesa nacional, é um ponto de poder cobiçado na Câmara.
O PL conquistou o direito de liderá-la por conta de sua prerrogativa como maior bancada, um acordo regimental que o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), optou por respeitar, apesar das pressões do PT para barrar nomes ligados ao bolsonarismo.
Zucco, que já atua como líder da oposição na Câmara, assume com a promessa de manter uma postura crítica ao governo, mas sua falta de experiência diplomática em comparação com Eduardo pode alterar o tom das ações do colegiado. Enquanto Bolsonaro buscava projeção internacional, Zucco tende a focar em embates domésticos, possivelmente direcionando a comissão para pautas como segurança nas fronteiras e revisão de acordos comerciais.

A substituição também revela as tensões internas e externas enfrentadas pelo PL, o PT, liderado na Câmara por Lindbergh Farias (RJ), tentou evitar a ascensão de Eduardo ao posto, temendo que ele usasse o cargo para articular com aliados da direita global, como apoiadores de Donald Trump, contra as instituições brasileiras.
A licença de Eduardo, vista por opositores como uma “fuga” e por aliados como um “ato de resistência”, abriu caminho para uma solução que, embora menos provocadora no cenário internacional, mantém o PL firme em sua oposição ao governo Lula.
Zucco, em declarações recentes, afirmou que aguardará a oficialização da distribuição das comissões por Hugo Motta, prevista para esta semana, mas já sinalizou que sua gestão será “leal aos valores do partido e do povo brasileiro”.
Esse rearranjo no PL destaca um momento de adaptação estratégica, sem Eduardo, o partido perde temporariamente uma figura de alcance global, mas ganha com Zucco um líder que pode consolidar a base interna enquanto o futuro político de Jair Bolsonaro e seu filho se desenrola nos tribunais e no exterior.
A Comissão de Relações Exteriores, sob nova direção, promete ser um palco de disputas intensas, refletindo não apenas os rumos da política externa brasileira, mas também o embate entre governo e oposição em um 2025 que já se anuncia como decisivo.