No domingo, (6) , uma grande multidão ocupou a Avenida Paulista, em São Paulo, para exigir a anistia aos presos políticos pelos atos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidas e vandalizadas, mas o verdadeiros vândalos já estavam dentro das instalações.
O grito de “Anistia já” ecoou por várias quadras da via, enquanto os manifestantes erguiam batons, objeto que se consolidou como emblema da causa após o caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, condenada por escrever “Perdeu, mané” com batom na estátua “A Justiça”, em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A presença de réplicas gigantes do item e sua exibição por participantes reforçaram a mensagem de que as penas aplicadas, como os 14 anos de prisão impostos a Débora, são vistas por eles como desproporcionais.
Dentre os nomes de destaque que encabeçaram o evento estavam o ex-presidente Jair Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o deputado federal Nikolas Ferreira, Mário Frias e diversos outros políticos.
Todos os presentes estavam unidos na defesa da proposta em tramitação no Congresso para anistiar os condenados.
Marcaram presença também os governadores:
- Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais;
- Jorginho Mello (PL), governador de Santa Catarina;
- Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás;
- Ratinho Júnior (PSD), governador do Paraná;
- Mauro Mendes (União Brasil), governador do Mato Grosso;
- Wilson Lima (União Brasil), governador do Amazonas.
Bolsonaro, que chegou ao local por volta das 14h40, subiu ao trio elétrico e declarou que a manifestação era um clamor por justiça, pedindo ao Parlamento que aprove um projeto de lei para libertar os detidos.
“Queremos um Brasil onde os filhos não sejam órfãos de pais vivos”, afirmou, insistindo que os eventos de 8 de janeiro não configuram crimes graves o suficiente para justificar as sentenças atuais
Tarcísio de Freitas, anfitrião político da capital, também tomou a palavra e defendeu a anistia como um passo necessário para garantir a liberdade e a democracia. Ele argumentou que o perdão aos envolvidos não é uma ideia absurda, mas uma medida de equilíbrio, destacando que punições devem ser reservadas a crimes como corrupção e assaltos, e não a atos de protesto.
“A verdadeira democracia exige que ouçamos o povo”, disse o governador, recebendo aplausos da multidão que ocupava a paulista
Silas Malafaia, figura central na organização, trouxe um tom combativo ao discurso como sempre faz, ele acusou o STF, em especial o ministro Alexandre de Moraes, de conduzir uma perseguição política contra os apoiadores de Bolsonaro, chamando as condenações de “injustiça travestida de legalidade”.
Malafaia apontou o caso de Débora como exemplo do que considera excesso judicial e pediu que os deputados pressionem o presidente da Câmara, Hugo Motta, a acelerar a votação do projeto de anistia.
O deputado Nikolas Ferreira, por sua vez, elevou o tom contra os magistrados do Supremo, a quem chamou de “ditadores de toga”, e afirmou que a manifestação era uma resposta direta às tentativas de silenciar o movimento de direita.
“Eles acharam que o 8 de janeiro nos calaria, mas aqui estamos, mais fortes”, declarou o parlamentar mineiro, arrancando gritos de apoio dos presentes. Ele também prometeu divulgar os nomes de deputados indecisos sobre a anistia, em uma estratégia para forçar o avanço da pauta legislativa.
A concentração, iniciada por volta das 14h, reuniu cerca de 44,9 mil pessoas no pico do evento, às 15h44, conforme estimativa do Monitor do Debate Político, da USP, baseada em imagens aéreas analisadas com tecnologia de inteligência artificial, segundo informam.
Além dos batons, bandeiras do Brasil e de Israel marcaram presença, assim como camisetas verde-amarelas com slogans em defesa da família e da pátria.
O ato, que terminou por volta das 16h30, reforçou a pressão sobre o Congresso em um momento em que o Partido Liberal (PL), liderado por Bolsonaro, busca reunir as 257 assinaturas necessárias para pautar o regime de urgência do projeto de lei. Enquanto os manifestantes viam na Paulista uma demonstração de força, a questão da anistia segue dividindo opiniões no cenário político nacional.