A Alemanha deu um passo significativo em sua política externa ao reabrir sua embaixada em Damasco, capital da Síria, após 13 anos de interrupção. A representação diplomática, fechada desde 2012 devido ao início da guerra civil que devastou o país, foi reativada em um momento de transição política, simbolizando uma tentativa de renovação nas relações entre os dois países.
Esse movimento ocorre três meses após a queda do regime de Bashar al-Assad, em dezembro de 2024, e reflete a disposição alemã de se engajar com as novas autoridades sírias em um contexto de reconstrução e esperança.
Stefan Schneck, enviado alemão, expressou otimismo com a iniciativa, destacando o compromisso de Berlim em colaborar com o povo sírio. “Estamos felizes em trabalhar em estreita colaboração com todos os sírios para uma Síria melhor”, afirmou ele, sinalizando uma abordagem inclusiva que visa apoiar a população em meio aos desafios de estabilização e recuperação.
A reabertura da embaixada não é apenas um gesto diplomático, mas também uma aposta na possibilidade de um futuro mais pacífico e próspero para a nação do Oriente Médio, que sofreu com anos de conflito, deslocamentos em massa e destruição.
A decisão da Alemanha insere-se em um cenário mais amplo de reaproximação internacional com a Síria. Após o colapso do governo de Assad, liderado por uma coalizão rebelde em dezembro de 2024, países como Turquia, Catar e Espanha também retomaram suas atividades diplomáticas em Damasco.
Para a Alemanha, essa reabertura é acompanhada de uma promessa de apoio concreto, o país anunciou, em uma conferência de doadores recente, uma contribuição de 300 milhões de euros para a reconstrução síria, parte de um esforço global que arrecadou 5,8 bilhões de euros.

Contudo, esse suporte vem com expectativas claras, como o respeito aos direitos de minorias e a promoção de um governo inclusivo, refletindo os valores que orientam a política externa alemã.
Diferentemente de meros atos simbólicos, a presença renovada da Alemanha na Síria sugere uma estratégia de longo prazo. A embaixada inicia suas operações com uma equipe reduzida, focada em questões políticas, enquanto serviços consulares permanecem centralizados em Beirute, no Líbano.
Esse modelo cauteloso indica que Berlim está atenta às incertezas da transição síria, mas disposta a ampliar sua atuação conforme a situação evolua. A iniciativa também ecoa uma mensagem de solidariedade ao povo sírio, muitos dos quais buscaram refúgio na Alemanha durante os anos de guerra, cerca de 800 mil sírios vivem hoje no país europeu, entre residentes e solicitantes de asilo.
Esse capítulo marca um recomeço, mas não sem desafios, a Síria pós-conflito enfrenta a complexa tarefa de reconciliar diferentes grupos étnicos e religiosos, além de reconstruir uma infraestrutura devastada.
A Alemanha, ao reabrir sua embaixada, posiciona-se como um ator disposto a contribuir para esse processo, oferecendo não apenas recursos, mas também um exemplo de diálogo e cooperação em tempos de mudança.