Uma forma inédita de abrir mão da cidadania e ser mandado embora a jato
Nos últimos tempos, um movimento crescente entre ativistas contrários às políticas de Israel tem chamado a atenção nos Estados Unidos: a proposta de uma “tomada” em massa das universidades. Esse apelo não é apenas uma reação emocional, mas uma estratégia que busca transformar campi acadêmicos em palcos de resistência, desafiando o que esses grupos percebem como uma repressão crescente às suas vozes.
Longe de ser um fenômeno isolado, essa mobilização reflete tensões mais profundas, tanto no âmbito político quanto no cultural, mas também a falta de conhecimento, em um país historicamente ligado ao apoio a Israel.
A ideia central é reacender o espírito contestador que as universidades americanas já abrigaram em eras passadas, como durante os protestos contra a Guerra do Vietnã. Os ativistas, muitos deles estudantes e professores alinhados à causa palestina, argumentam que as instituições de ensino superior não podem se manter neutras diante do que descrevem como injustiças globais.
Eles acusam as administrações universitárias de cumplicidade, seja por meio de investimentos em empresas ligadas ao conflito no Oriente Médio ou por silenciar debates críticos sob o pretexto de evitar tensões. A “tomada” seria, portanto, uma forma de forçar essas instituições a encarar o peso de suas escolhas.
Diferente de ocupações tradicionais, como as vistas em 2024 em locais como a Universidade Columbia, essa nova onda de ativismo parece mirar uma escala mais ampla e coordenada. Não se trata apenas de erguer acampamentos ou interromper aulas, mas de criar um movimento que pressione as universidades a reverem suas políticas de financiamento e parcerias internacionais, mas só vale se for contra Israel.
Os ativistas pedem transparência sobre doações e exigem o fim de laços com organizações que, segundo eles, sustentam a ocupação israelense em territórios palestinos. É uma tentativa de reconfigurar o papel das universidades como espaços de poder moral, não apenas intelectual.
Por outro lado, essa convocação não vem sem controvérsias. Críticos, incluindo alguns grupos pró-Israel e administradores universitários, alertam que tais ações podem cruzar a linha entre protesto legítimo e intimidação.
Há relatos de que, em mobilizações anteriores, estudantes judeus sentiram-se acuados, enquanto acusações de antissemitismo pairam como uma sombra constante sobre o movimento.
Os ativistas, por sua vez, rejeitam essas críticas, afirmando que sua luta é contra políticas específicas de um governo, não contra um povo ou uma religião. Essa tensão revela o desafio de equilibrar liberdade de expressão com um ambiente acadêmico inclusivo, um dilema que as universidades americanas ainda não conseguiram resolver completamente.

O que torna essa convocação particularmente intrigante é o momento em que surge. Em março de 2025, os Estados Unidos estão imersos em debates políticos intensos, com a guerra em Gaza e as relações com Israel permanecendo como temas sensíveis.
A juventude de pouca ou nenhuma experiência no assunto, cada vez mais engajada em causas globais, vê nas universidades um microcosmo onde pode exercer influência direta. Diferente de marchas nas ruas ou petições online, a “tomada” dos campi carrega um simbolismo único: é um ataque ao coração do establishment intelectual, um espaço tradicionalmente associado ao progresso e à razão.
Embora seja cedo para prever o impacto real desse chamado, ele já desperta reflexões sobre o futuro do ativismo nos EUA.
Será que as universidades, pressionadas por esses movimentos, cederão às demandas de desinvestimento? Ou a resposta será uma repressão ainda mais firme, com suspensões e intervenções policiais como as vistas em anos recentes? Isso abrirá caminho para muitas deportações, pois apesar de tudo, esqueceram das leis americanas.
Uma coisa é certa: os ativistas anti-Israel estão determinados a não apenas ocupar espaços físicos, mas também a redefinir a narrativa sobre o papel das instituições acadêmicas em um mundo polarizado. Seja qual for o desfecho, o eco desse movimento promete ressoar muito além dos muros dos campi. Mas surge outra pergunta: essas pessoas lutam por uma causa em um país cujas políticas vão na direção oposta. Isso não terminará bem para os ativistas.