Vladimir Putin não busca clareza, mas sim regras que atendam às suas condições.
O presidente russo, Vladimir Putin, expressou nesta quinta-feira, 13 de março de 2025, uma posição cautelosa sobre a proposta de cessar-fogo na guerra da Ucrânia, indicando que Moscou está disposta a considerar uma trégua, mas apenas se os detalhes forem claros e atenderem aos interesses estratégicos do país.
A declaração veio em resposta à iniciativa americana de uma pausa de 30 dias no conflito, aceita pela Ucrânia em negociações realizadas em Jeddah, na Arábia Saudita, dois dias antes. Putin enfatizou que qualquer acordo deve ir além de uma simples interrupção temporária das hostilidades, sugerindo que a Rússia busca garantias concretas para evitar que a trégua seja apenas um intervalo tático para seus adversários.
Durante uma reunião televisionada com assessores no Kremlin, Putin destacou que os termos exatos do cessar-fogo são fundamentais. “Estamos abertos a discutir uma pausa, mas os detalhes decidem tudo”, afirmou, segundo relatos de agências russas.
Ele condicionou o avanço das negociações a compromissos que incluam a retirada total das forças ucranianas das regiões de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia, territórios que Moscou considera parte da Rússia desde os referendos de anexação em 2022, e a renúncia formal de Kiev a qualquer ambição de integrar a OTAN.
Essas exigências ecoam demandas anteriores do líder russo, mas ganham novo peso com a chegada do enviado especial de Donald Trump, Steve Witkoff, a Moscou no mesmo dia, sinalizando uma intensificação do diálogo entre as potências.

A postura de Putin reflete uma mistura de pragmatismo e firmeza, enquanto a Rússia registra ganhos no campo de batalha, como a recente recuperação de 86% do território perdido em Kursk, segundo o chefe do Estado-Maior Valery Gerasimov, o Kremlin parece disposto a explorar a janela diplomática aberta pela administração Trump.
No entanto, analistas apontam que Moscou enxerga riscos em aceitar um cessar-fogo sem garantias sólidas, temendo que a Ucrânia e seus aliados ocidentais usem o período para rearmar e reorganizar suas forças. Essa cautela foi reforçada pelo conselheiro presidencial Yuri Ushakov, que declarou que a proposta americana, em sua forma atual, oferece “nada” à Rússia, enquanto daria uma vantagem estratégica a Kiev.
Do outro lado, a pressão sobre Putin aumenta com a possibilidade de sanções adicionais dos EUA, um cenário que Trump mencionou como alternativa caso Moscou rejeite a trégua. A visita de Witkoff, marcada para discutir os termos diretamente com autoridades russas, pode ser um momento decisivo.
Se os detalhes como linhas de demarcação, monitoramento internacional e compromissos de desmilitarização forem alinhados aos interesses do Kremlin, a Rússia pode endossar a pausa. Caso contrário, Putin sinalizou que está preparado para manter a ofensiva, aproveitando a posição de força que suas tropas conquistaram após três anos de guerra.
Esse posicionamento coloca a bola de volta no campo dos EUA e da Ucrânia, que agora precisam decidir até onde estão dispostos a ceder para concretizar a trégua. Para Putin, os detalhes não são apenas uma questão técnica, mas o cerne de uma negociação que pode redefinir o futuro do conflito e o equilíbrio de poder na região.