Acusações dos EUA Apontam Envolvimento Chinês em Ataques Houthi, Enquanto Bombardeios no Iêmen Deixam 74 Mortos
Os Estados Unidos intensificaram as tensões geopolíticas ao acusar a empresa chinesa Chang Guang Satellite Technology de fornecer imagens de satélite que teriam auxiliado os rebeldes Houthi, apoiados pelo Irã, em ataques contra navios de guerra americanos e embarcações comerciais no Mar Vermelho.
A denúncia, feita pela porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, durante uma coletiva de imprensa na quinta-feira (17), sugere que a companhia, supostamente ligada ao Exército de Libertação Popular da China, desempenhou um papel direto na escalada de hostilidades em uma das rotas marítimas mais estratégicas do mundo.
Pequim não reconheceu as alegações, e a falta de detalhes específicos nas declarações americanas levanta questionamentos sobre a extensão do envolvimento chinês.
Paralelamente, uma série de ataques aéreos conduzidos pelos EUA contra o porto petrolífero de Ras Isa, controlado pelos Houthis no Iêmen, resultou em pelo menos 74 mortes e 171 feridos, segundo a mídia local vinculada ao grupo rebelde.
O Comando Central das Forças Armadas dos EUA afirmou que a operação, realizada na quinta-feira (17), visou neutralizar uma instalação usada como fonte de combustível para financiar atividades dos Houthis, descrita como uma ameaça à segurança regional.
Os rebeldes, por sua vez, classificaram o bombardeio como um “crime de guerra”, alegando que o porto é uma estrutura civil. Os números de vítimas não foram confirmados pelo governo americano, e o acesso restrito às áreas atingidas dificulta a verificação independente dos danos e perdas.
A campanha americana contra os Houthis, intensificada sob a administração do presidente Donald Trump desde 15 de março, marca uma mudança em relação à estratégia do governo anterior, que priorizava alvos militares específicos.
Os ataques atingiram infraestruturas críticas e figuras de alto escalão do grupo, com o objetivo de enfraquecer sua capacidade e pressionar o Irã, um dos maiores interessado e acusado de fornecer tecnologia avançada de mísseis e drones. A ofensiva responde à retomada das ameaças Houthi contra navios associados a Israel, em protesto ao bloqueio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
Desde novembro de 2023, os rebeldes atacaram mais de 100 embarcações mercantes, afundando duas e causando a morte de quatro marinheiros, o que reduziu significativamente o tráfego comercial no Mar Vermelho, por onde passa cerca de 1 trilhão de dólares em mercadorias anualmente.
As acusações contra a empresa chinesa adicionam uma nova camada de complexidade ao conflito, autoridades americanas, mencionadas pelo Financial Times, dizem que as imagens fornecidas pela Chang Guang permitiram aos Houthis localizar alvos com maior precisão, incluindo o porta-aviões USS Harry S. Truman, atacado com 18 mísseis e drones em março, informou o porta-voz Houthi Yahya Saree. Apesar da gravidade das alegações, a ausência de evidências públicas e a possibilidade de que a empresa opere de forma independente do governo chinês geram ceticismo.
Analistas apontam que os EUA já utilizaram imagens de satélites comerciais para apoiar aliados, como na guerra da Ucrânia, sugerindo que a prática não é exclusiva da China.
O conflito no Iêmen, que já dura uma década, continua a se internacionalizar, envolvendo potências globais e complicando esforços para uma resolução diplomática. Enquanto os EUA buscam conter os Houthis e ao mesmo tempo pressionar o Irã, com negociações nucleares, a participação de atores como a China pode ampliar o escopo do confronto.
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