Nesta terça-feira, 1º de abril de 2025, as autoridades espanholas conduziram uma operação em Barcelona que resultou na detenção de uma rede ligada ao Hezbollah, grupo terrorista xiita baseado no Líbano.
Os indivíduos presos, todos identificados como seguidores da vertente xiita do islamismo, estariam envolvidos em atividades de suporte logístico voltadas para a fabricação de drones, uma ferramenta cada vez mais estratégica nas operações do grupo.
A ação é o crescente esforço das forças de segurança europeias para desmantelar estruturas que, mesmo operando em solo estrangeiro, desempenham papéis cruciais no fortalecimento de organizações classificadas como terroristas por diversos países.
A célula, localizada no coração da capital catalã, no bairro do Eixample, teria como função principal adquirir e gerenciar componentes essenciais para a produção de drones possivelmente do tipo kamikaze, projetados para carregar explosivos e atingir alvos com precisão.
Esses equipamentos, que combinam tecnologia acessível com potencial destrutivo, têm sido amplamente utilizados pelo Hezbollah em conflitos no Oriente Médio, especialmente contra Israel. A operação em Barcelona sugere que o grupo buscava descentralizar suas cadeias de suprimento, aproveitando a infraestrutura comercial da Europa para obter materiais como motores, sistemas de orientação eletrônica e peças estruturais, que poderiam ser enviados ao Líbano ou utilizados em outras frentes.
O desmantelamento dessa rede não é um caso isolado, em julho de 2024, uma ação conjunta entre Espanha e Alemanha já havia resultado na prisão de quatro suspeitos três na Espanha e um na Alemanha acusados de fornecer peças para a construção de centenas, ou até milhares, de drones para o Hezbollah
A operação atual parece ser uma continuação dessas investigações, indicando que as autoridades espanholas, lideradas pela Guardia Civil, têm intensificado a vigilância sobre atividades logísticas transnacionais.
A presença de uma bandeira palestina no pátio do apartamento onde as prisões ocorreram, conforme relatado por vizinhos ao jornal Ara, pode sugerir uma conexão simbólica ou operacional com causas alinhadas aos interesses do Hezbollah e seus aliados.
Esse episódio levanta questões sobre a extensão das redes de apoio do Hezbollah na Europa e sua capacidade de operar em áreas urbanas densas, como Barcelona, sem levantar suspeitas imediatas.
Vizinhos descreveram os suspeitos como uma família comum, com uma filha frequentando a escola local, o que evidencia o perfil discreto adotado por essas células. A escolha da cidade, um hub comercial e logístico, pode ter facilitado o acesso a fornecedores e rotas de exportação, enquanto a diversidade cultural da região talvez tenha ajudado a camuflar suas atividades.
A operação sublinha um desafio contemporâneo: o uso de tecnologias relativamente simples, como drones, por grupos armados, aliado à sofisticação de suas redes globais de apoio. Para a Espanha, que já realizou 25 operações contra grupos jihadistas em 2024, segundo o Ministério do Interior, o caso reforça a necessidade de cooperação internacional e monitoramento constante.
Enquanto o Hezbollah amplia seu alcance, aproveitando tanto a diáspora xiita quanto a infraestrutura ocidental, ações como essa em Barcelona mostram que a resposta das forças de segurança também está evoluindo, buscando cortar os fios que conectam logística local a conflitos distantes.