Em uma eleição marcada por tensões e polarização, Daniel Noboa, da Ação Democrática Nacional, foi reeleito presidente do Equador no segundo turno, realizado em 13 de abril de 2025.
Com 55,9% dos votos válidos, Noboa superou a candidata de esquerda Luisa González, do Revolução Cidadã, que obteve 44,1%, uma diferença de aproximadamente 1,2 milhão de votos, conforme dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
A vitória consolida a liderança do jovem empresário de 37 anos, que agora enfrenta o desafio de cumprir promessas de combater a violência do narcotráfico e reerguer a economia equatoriana.
Noboa, que assumiu a presidência em 2023 após eleições antecipadas, celebrou o resultado em Olón, destacando a escolha dos eleitores por um projeto de continuidade.
Ele reafirmou o compromisso de fortalecer a segurança pública, com ações contra gangues que controlam rotas de tráfico e dominam presídios. “O Equador optou por um futuro de ordem e progresso, e vamos avançar com firmeza contra o crime organizado”, declarou o presidente, segundo comunicado oficial.
Além disso, prometeu medidas para estimular o crescimento econômico, como incentivos a investimentos estrangeiros e redução da dependência de exportações de commodities.
Luisa González, por sua vez, questionou a legitimidade do pleito, alegando irregularidades na apuração, em discurso em Quito, a candidata, que buscava ser a primeira mulher eleita presidente do país, pediu uma recontagem total dos votos.
“Não podemos aceitar um processo que levanta tantas dúvidas”, afirmou González, citando discrepâncias entre pesquisas prévias e o resultado final. O CNE, presidido por Diana Atamaint, defendeu a transparência da eleição, que teve 83,7% de participação entre 13,7 milhões de eleitores, e descartou evidências de fraude.
O contexto da votação foi desafiador, o Equador, com 18 milhões de habitantes, enfrenta uma escalada de violência, com taxas de homicídio que atingiram 38 por 100 mil pessoas em 2024, segundo o think tank Insight Crime.
A economia, dolarizada e afetada por uma dívida pública de 57% do PIB, conforme o Fundo Monetário Internacional, sofre com pobreza (28%) e desemprego (23%).
Noboa, que decretou estado de exceção em sete províncias na véspera do pleito, argumentou que a medida era necessária para conter o avanço do narcotráfico. Críticos, porém, apontam que suas políticas de militarização não reduziram significativamente a criminalidade e levantam preocupações sobre direitos humanos.
A reeleição de Noboa sinaliza a rejeição de parte do eleitorado ao legado do ex-presidente Rafael Correa, mentor político de González. Analistas destacam que o anticorreísmo pesou na decisão, especialmente em Guayaquil, epicentro da violência e da campanha de ambos os candidatos.
O presidente agora terá quatro anos para implementar reformas, em um país dividido e pressionado por crises estruturais. A comunidade internacional, incluindo líderes de Argentina e Paraguai, já reconheceu a vitória, enquanto o Equador aguarda os próximos passos de seu governo.
Fontes: Dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Insight Crime e Fundo Monetário Internacional.