Felipe Neto enfrenta processo criminal por comentários sobre tiara de deputada Júlia Zanatta
O YouTuber Felipe Neto tornou-se réu em uma ação penal na 41ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, acusado de injúria e difamação pela deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC).
A disputa judicial teve início após uma publicação de Neto na rede social X, em 13 de junho de 2024, na qual ele questionou o uso constante de uma tiara de flores pela parlamentar, apontando que o acessório é associado por algumas pessoas a símbolos de apologia ao nazismo.
A polêmica ganhou força quando Neto destacou que Zanatta optou por não usar a tiara durante um discurso no Parlamento Europeu, sugerindo, em tom irônico, que a decisão poderia levantar suspeitas.
Na postagem, Neto escreveu: “A tiara de flores na cabeça é tida por muita gente como um símbolo de apologia ao nazismo. Essa moça usa quase o tempo inteiro, mas garante que não é essa a sua motivação. Porém, olha que curioso, ela tirou quando foi falar no Parlamento Europeu.”
A deputada, que adotou a tiara como marca pessoal desde sua campanha eleitoral, interpretou o comentário como uma tentativa de associá-la ao nazismo, o que, segundo ela, gerou ameaças de morte e colocou sua família em risco. Zanatta argumenta que o adereço celebra a cultura alemã de Santa Catarina, especialmente ligada à Oktoberfest de Blumenau, e não tem qualquer relação com ideologias extremistas.
A defesa da parlamentar sustenta que a publicação de Neto foi feita com “tom de escárnio” e teve o objetivo de macular sua reputação, prejudicando o exercício de seu mandato. Além da ação criminal, Zanatta já havia processado o influenciador na esfera cível, pedindo a remoção do post e indenização por danos morais.
Em julho de 2024, a Justiça de Santa Catarina negou o pedido, com a juíza Bertha Steckert Agacci afirmando que “inexiste frase ou publicação em que o réu afirme categoricamente ser a autora nazista”. A decisão destacou que Neto apenas levantou questionamentos baseados em percepções de terceiros, protegidos pela liberdade de expressão.
A vitória de Neto na esfera cível intensificou o embate público entre os dois, o influenciador celebrou o resultado nas redes, afirmando que “é necessário entender a diferença entre ataque de ódio e crítica protegida pela liberdade de expressão”. Ele também ironizou: “Tivesse a deputada lido a publicação com inteligência, veria que eu deixo claro que ela nega ter o nazismo como motivação para a tiara.” Em resposta, Zanatta acusou Neto de incitar ódio e colocar sua segurança em risco, chamando-o de “imitador de foca” e criticando sua visão de liberdade de expressão como um pretexto para “graves acusações disfarçadas de críticas”.
O caso expõe a polarização nas redes sociais e levanta questões sobre os limites entre crítica política e ofensa pessoal. Para Zanatta, a associação de sua imagem ao nazismo é uma tentativa de “desumanização” que vai além do debate político.
Já Neto defende que sua postagem foi uma crítica legítima, sem acusações diretas, e que a reação da deputada reflete uma má interpretação de suas palavras.
A senadora Damares Alves, que saiu em defesa de Zanatta, reforçou que as tiaras de flores são parte do traje típico de descendentes alemães em Santa Catarina, acusando Neto de “violência política” contra a deputada.