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Fim do Prazo, Início da Guerra: Houthis Prometem Atacar Navios de Israel

Israel mantém silêncio oficial sobre a ameaça, mas não hesitará em retaliar

O relógio marcou o fim de um prazo crítico na noite de 11 de março de 2025, e com ele veio uma promessa carregada de tensão: os rebeldes Houthis, grupo iemenita alinhado ao Irã, declararam que estão prontos para reacender suas operações contra navios associados a Israel no Mar Vermelho.

A decisão, anunciada pelo líder Abdel Malek al-Houthi em um discurso televisionado, é uma resposta direta ao que chamam de bloqueio persistente de ajuda humanitária à Faixa de Gaza por parte de Israel. Para os Houthis, o ultimato de quatro dias que expirou hoje era a linha na areia: ou a assistência chega aos palestinos sitiados, ou o mar voltará a ser palco de sua guerra assimétrica.

Esse não é um movimento inesperado, desde o início do conflito entre Israel e o Hamas em outubro de 2023, os Houthis têm se posicionado como defensores da causa palestina, usando seu controle sobre o norte do Iêmen para lançar drones e mísseis contra alvos israelenses e embarcações comerciais.

O Mar Vermelho, uma artéria vital que canaliza cerca de 12% do comércio global, tornou-se seu campo de batalha preferido. Eles já realizaram mais de 130 ataques desde então, segundo dados amplamente monitorados por organizações como a Armed Conflict Location and Event Data. Agora, com o cessar-fogo em Gaza sob pressão e a ajuda humanitária novamente em xeque, o grupo parece disposto a cumprir sua palavra.

A lógica por trás da ameaça é clara e cruelmente prática, os Houthis não têm o poder militar para enfrentar Israel diretamente, mas podem causar estragos econômicos. Seus ataques anteriores forçaram gigantes do transporte marítimo, como Maersk e MSC, a desviar rotas pelo Cabo da Boa Esperança, adicionando semanas e milhões em custos às cadeias de suprimento globais.

Al-Houthi, em sua fala, deixou explícito: “Se o inimigo sionista mantiver Gaza faminta, nossas forças navais farão o mar queimar. É uma tática de pressão indireta para atingir os bolsos de Israel e seus aliados na esperança de forçar concessões humanitárias.

O que diferencia essa nova promessa é o timing, após uma trégua frágil em Gaza, iniciada em 19 de janeiro de 2025, os Houthis suspenderam suas operações navais, um gesto que sugeriu moderação tática. Mas o bloqueio de ajuda, reinstaurado por Israel em 2 de março segundo relatos regionais, reacendeu sua retórica beligerante.

A escolha da Arábia Saudita como palco neutro para recentes negociações entre EUA e Ucrânia, ocorridas hoje, adiciona ironia ao cenário: enquanto potências buscam paz em Jeddah, os Houthis preparam guerra a poucas centenas de quilômetros dali, no estreito de Bab al-Mandab.

A perspectiva dos Houthis é moldada por sua identidade no chamado “Eixo da Resistência”, uma aliança informal liderada pelo Irã que inclui Hamas e Hezbollah. Para eles, cada navio alvejado é um símbolo de solidariedade com os palestinos e uma afronta ao Ocidente.

---/ Houthis / Imagem / Brookings / WC
—/ Houthis / Imagem / Brookings / WC

Mas a realidade é mais complexa, muitos dos navios atacados desde 2023 tinham pouca ou nenhuma conexão direta com Israel, sugerindo que o critério do grupo é flexível ou convenientemente amplo. Isso levanta a questão: trata-se de um protesto genuíno ou de uma oportunidade para flexionar músculos regionais sob o patrocínio iraniano?

Do outro lado, Israel mantém silêncio oficial sobre a ameaça, mas sua resposta passada a ataques aéreos em Sanaa e outros redutos Houthi, indica que não hesitará em retaliar. Os EUA e o Reino Unido, que já gastaram quase 1 bilhão de dólares em munições navais para conter os rebeldes desde 2023, segundo estimativas da Marinha americana, também estão em alerta. A Operação Prosperity Guardian, força-tarefa naval ocidental no Mar Vermelho, pode voltar a entrar em ação, mas a um custo que o Pentágono já considera insustentável.

O que está em jogo transcende o imediato, se os Houthis retomarem os ataques, o Mar Vermelho pode se tornar novamente um gargalo econômico, com petróleo e bens de consumo enfrentando atrasos e preços inflados.

Para o Iêmen, já devastado por uma década de guerra civil, a escalada trará mais sofrimento, os rebeldes, afinal, operam em um país onde a fome já é rotina. E para Gaza, o suposto foco dessa cruzada, o impacto pode ser paradoxal: mais violência no mar dificilmente garantirá a chegada de ajuda, mas manterá a pressão internacional sobre Israel.

Hoje, o mundo observa enquanto os Houthis, armados com drones caseiros e mísseis de origem iraniana, desafiam potências globais de um canto improvável do planeta. Sua promessa não é apenas uma ameaça – é um lembrete de como conflitos distantes podem se entrelaçar, transformando um mar em espelho das fraturas do Oriente Médio. Se o prazo expirou, o próximo ataque pode ser questão de horas, e o custo, como sempre, será medido em mais do que dólares.

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