O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, anunciou nesta terça-feira, 11 de março de 2025, a revogação da medida cautelar que, desde fevereiro de 2024, proibia o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, de manter qualquer tipo de contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A decisão, que também extingue outras restrições impostas a Valdemar, como a retenção de seu passaporte e a proibição de participar de eventos militares, marca o fim de um bloqueio de mais de um ano e abre espaço para uma reaproximação estratégica entre duas figuras centrais do campo conservador.
A origem dessa barreira remonta à Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal em fevereiro de 2024 para investigar uma suposta trama golpista após as eleições de 2022. Naquele contexto, Moraes determinou o afastamento comunicativo entre Valdemar e Bolsonaro, suspeitos de articular ações para questionar o resultado do pleito e, segundo a investigação sem provas, viabilizar uma intervenção militar.
A restrição era um dos pilares de um pacote de medidas cautelares que buscava evitar a coordenação entre os investigados enquanto o inquérito avançava. Para Valdemar, o silêncio forçado foi um obstáculo significativo, especialmente em um ano de eleições municipais, quando o PL almejava expandir sua influência com Bolsonaro como principal cabo eleitoral.
O que mudou agora? A chave está na decisão da Procuradoria-Geral da República (PGR). Embora a PF tenha indiciado Valdemar no relatório final do caso, a PGR optou por não incluí-lo na denúncia formal apresentada contra Bolsonaro e outros 33 investigados.
Sem uma acusação formal contra o presidente do PL, Moraes entendeu que não havia mais justificativa para manter as limitações. Na prática, a ausência de denúncia esvaziou a necessidade de isolá-lo, permitindo que ele retomasse não só o diálogo com Bolsonaro, mas também a posse de bens apreendidos, como R$ 53,7 mil em dinheiro, três relógios e dois celulares, devolvidos por ordem do ministro.
Essa reviravolta carrega um simbolismo político? Para o PL, o reencontro de Valdemar e Bolsonaro é uma chance de alinhar estratégias em um momento em que o partido busca consolidar sua posição como principal força da direita brasileira.
Desde a proibição, os dois evitaram contato direto, chegando ao ponto de Valdemar manter uma sala separada na sede do partido para não cruzar com Bolsonaro em visitas a Brasília. A liberação, portanto, não é apenas jurídica, é um respiro operacional.
Valdemar, um veterano da política com décadas de experiência, e Bolsonaro, um líder carismático que mobiliza multidões, voltam a dividir o mesmo palco em um cenário de polarização.
Sem amarras legais, eles podem planejar o futuro do PL sem intermediários. Para os apoiadores, é um sinal de resistência; para os críticos, um risco de rearticulação de narrativas contestadoras carregadas de mentiras.
A liberação do diálogo entre Valdemar e Bolsonaro não resolve o inquérito em curso, mas altera a dinâmica do jogo político. Enquanto o STF segue monitorando os desdobramentos da suposta tentativa de golpe que não existiu, o PL ganha fôlego para reorganizar suas fileiras.