Rodada de negociações entre Irã e EUA em Omã finalizada, com nova sessão marcada para a próxima semana
Representantes do Irã e dos Estados Unidos encerraram neste sábado, (12), a primeira fase de negociações indiretas em Mascate, capital de Omã, com foco no programa nuclear iraniano.
Mediadas pelo governo omanense, as discussões abordaram a possibilidade de um novo acordo para conter o avanço nuclear de Teerã, em um contexto de tensões regionais e ameaças mútuas.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, informou que as conversas ocorreram em um ambiente construtivo e que as delegações planejam retomar o diálogo na próxima semana, sem especificar a data exata.
As negociações, conduzidas por meio de um intermediário, envolveram Araqchi, liderando a equipe iraniana, e Steve Witkoff, enviado especial dos EUA para o Oriente Médio.
Segundo autoridades iranianas, as delegações ocuparam salas separadas, com o ministro omanense Badr al-Busaidi transmitindo mensagens entre os lados. “Buscamos um entendimento que atenda aos interesses nacionais do Irã, especialmente o alívio das sanções”, declarou Araqchi à imprensa estatal iraniana.
Ele destacou que o breve encontro presencial com Witkoff, após mais de duas horas de trocas indiretas, sinaliza um progresso inicial, embora cauteloso.
Do lado americano, o objetivo central é impedir que o Irã desenvolva armas nucleares, uma preocupação reforçada por relatórios da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Dados de fevereiro de 2025 indicam que Teerã possui 274,8 quilos de urânio enriquecido a 60%, próximo do nível necessário para uso militar, embora o país negue intenções bélicas.
Os EUA, intensificaram a pressão com sanções adicionais e o envio de reforços militares ao Oriente Médio, incluindo um segundo porta-aviões ao Golfo Pérsico, segundo informou o Pentágono.
O diálogo em Omã ocorre em um momento delicado, após anos de desconfiança mútua, em 2018, o presidente americano Donald Trump, retirou os EUA do acordo nuclear de 2015, que limitava o enriquecimento de urânio iraniano em troca do fim de sanções.
Desde então, Teerã ampliou seu programa nuclear, mas, enfrenta dificuldades internas agravadas por restrições internacionais. Analistas apontam que o regime iraniano, enfraquecido pela perda de aliados regionais como o governo sírio de Bashar al-Assad, vê nas negociações uma chance de estabilizar sua economia, mas sem abrir mão de sua autonomia nuclear.
A escolha por conversas através de um mediador, ao invés do formato direto sugerido pelos EUA, revela a cautela de Teerã, com um pouco de receio, especialmente após ameaças de ações militares americanas. “Ninguém espera um acordo imediato, mas manter as portas abertas já é um passo”, avaliou um diplomata europeu próximo às negociações, que pediu anonimato.
A próxima rodada será crucial para definir se as partes conseguem estabelecer bases para um entendimento duradouro ou se as tensões escalarão ainda mais.
Fontes: Agência Internacional de Energia Atômica e IRNA