Israel realizou uma operação aérea na Síria, atingindo um grupo radical que, de acordo com fontes israelenses, preparava ataques contra os drusos na área de Sahnaya, localizada a aproximadamente 15 km da capital Damasco.
A operação, anunciada pelo gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, foi descrita como uma medida preventiva para proteger os drusos, uma minoria religiosa presente majoritariamente no sul da Síria, no Líbano e em áreas de Israel, incluindo os Altos do Golã ocupados desde 1967.
A ação ocorre em um momento de tensões crescentes no sul da Síria, onde confrontos sectários entre forças ligadas ao novo governo sírio e milícias drusas deixaram ao menos 13 mortos, conforme relatos da mídia estatal síria e de observadores de conflitos.
O governo israelense afirmou que o ataque enviou uma mensagem clara ao regime sírio, liderado interinamente por Ahmed al-Sharaa, da coalizão islamista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que assumiu o poder após a queda de Bashar al-Assad em dezembro de 2024. “Israel espera que as autoridades sírias atuem para evitar qualquer ameaça à comunidade drusa”, declarou o comunicado oficial.
A operação foi realizada em meio a um contexto de instabilidade, com Israel intensificando sua presença militar no sul da Síria, incluindo a ocupação de uma zona desmilitarizada estabelecida por um acordo de 1974, agora considerado nulo por autoridades israelenses.
Os drusos, que compõem cerca de 3% dos habitantes da Síria e são reconhecidos por sua sólida união cultural e religiosa, vêm enfrentando dificuldades desde a recente transição de governo no país. Embora o novo regime em Damasco tenha prometido inclusão e diálogo com minorias, episódios de violência, como os recentes confrontos em Jaramana, um subúrbio de Damasco com significativa população drusa, alimentam temores de marginalização.
Esses incidentes levaram Israel a posicionar-se como protetor dos drusos sírios, uma postura que gera desconfiança entre muitos membros da própria comunidade. Representantes drusos em As-Suweida, principal bastião da minoria, manifestaram-se contra a interferência de Israel, reafirmando seu compromisso com a soberania da Síria e sua conexão com a sociedade do país.
Mas a estratégia de Israel vai além da proteção humanitária. A presença militar no sul da Síria, combinada com ataques aéreos, sugere um esforço para conter a influência de grupos armados ligados ao HTS e evitar que armamentos estratégicos caiam em mãos hostis.
Além disso, a proximidade da região com os Altos do Golã reforça a preocupação de Israel com sua segurança fronteiriça. No entanto, a retórica de defesa dos drusos também enfrenta críticas. “Israel usa a causa drusa como pretexto para expandir sua influência territorial e justificar incursões”, afirmou um ativista sírio em As-Suweida, que preferiu não ser identificado.
O governo sírio, repudiou o ataque, considerando-o uma afronta à sua soberania. O Ministério das Relações Exteriores sírio solicitou que a comunidade internacional exija o fim das ações militares de Israel, enquanto o novo governo da Síria enfrenta dificuldades para estabilizar os conflitos internos do país.
Enquanto isso, a situação dos drusos permanece delicada, com a comunidade dividida entre buscar autonomia local, negociar com o governo sírio ou rejeitar interferências externas. O futuro da região dependerá de como Damasco e seus vizinhos, incluindo Israel, Turquia e potências globais, lidarão com o complexo mosaico étnico e político da Síria pós-Assad.
Fontes: Comunicados oficiais de Israel e análises de observatórios de conflitos
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