“Governo Brasileiro é Surpreendido pela Rápida Estratégia dos Chineses”
O recente aumento do imposto de importação sobre veículos elétricos e híbridos no Brasil, anunciado pelo governo federal, gerou um embate no setor automotivo.
A medida, que eleva gradualmente as alíquotas até atingir 35% em 2026, tinha como objetivo proteger a indústria nacional e estimular a produção local. Contudo, a montadora chinesa BYD conseguiu antecipar os efeitos da nova tributação ao desembarcar grandes lotes de veículos no país, utilizando seus navios especializados do tipo Ro-Ro, capazes de transportar milhares de carros por viagem.
Essa estratégia, que resultou em um estoque robusto antes da alta de impostos, provocou críticas contundentes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Em abril de 2025, a BYD trouxe ao Brasil cerca de 7 mil veículos a bordo do navio Explorer No. 1, conforme noticiado pelo portal Garagem360. A operação, a segunda do ano, repetiu o feito de fevereiro, quando 5,5 mil unidades chegaram ao porto de Portocel, no Espírito Santo.
Com isso, a montadora garantiu a nacionalização dos automóveis sob a alíquota atual de 18% para elétricos, evitando custos adicionais que seriam aplicados a partir de julho, quando a taxa subirá para 25%.
A Anfavea, que representa marcas tradicionais como Volkswagen, Fiat e GM, expressou preocupação com o volume de importações, estimando que o estoque de veículos chineses no país já ultrapasse 40 mil unidades.
A associação argumenta que a entrada massiva de carros importados compromete o equilíbrio do mercado, ameaçando empregos e investimentos na cadeia automotiva brasileira, que emprega mais de 1,3 milhão de pessoas.
Em comunicado, a entidade defendeu a antecipação da alíquota cheia de 35%, alegando que o Brasil, com tarifas mais baixas que mercados como Estados Unidos e Europa, tornou-se vulnerável à concorrência externa.
Por outro lado, a BYD justifica sua estratégia como uma resposta à crescente demanda por veículos eletrificados no país, enquanto prepara a inauguração de sua fábrica em Camaçari, na Bahia, prevista para o segundo semestre de 2025.
O caso expõe a tensão entre a abertura do mercado brasileiro a novas tecnologias e a necessidade de proteger a indústria local. A chegada dos navios da BYD, planejada com precisão, evidencia a capacidade das montadoras globais de se adaptarem às regras tributárias, mas também reacende o debate sobre como equilibrar inovação e competitividade sem prejudicar o setor automotivo nacional.
Enquanto a Anfavea pressiona por medidas mais rígidas, consumidores aguardam para ver se os preços dos elétricos permanecerão acessíveis diante das mudanças no horizonte.