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Mais de 50 nações já procuraram o governo dos Estados Unidos para discutir as novas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump, conforme revelou Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, em entrevista recente.
A iniciativa desses países surge em meio a uma crescente onda de incerteza econômica global, desencadeada pela política comercial agressiva adotada pela administração americana.
As tarifas, que começaram a vigorar em etapas a partir do início de abril de 2025, têm como alvo tanto aliados quanto adversários dos EUA, gerando uma mistura de preocupação e movimentação diplomática em busca de acordos que possam amenizar os impactos.
Hassett destacou que o interesse em negociar parte de um entendimento claro por parte dessas nações: os custos das taxas recaem, em grande medida, sobre suas próprias economias. “Eles sabem que são diretamente afetados e querem encontrar uma saída”, afirmou o conselheiro em uma entrevista à ABC News no domingo, 6 de abril.
A ofensiva comercial americana, anunciada como uma tentativa de corrigir desequilíbrios no comércio internacional e fortalecer a indústria local, pegou muitos líderes mundiais de surpresa, levando a uma corrida para a mesa de negociações antes que os efeitos das medidas se consolidem.
Entre os países que já sinalizaram interesse em dialogar estão parceiros estratégicos como Israel, que enfrenta uma tarifa de 17%, e o Vietnã, importante polo de manufatura, especialmente no setor têxtil.
Até mesmo nações da União Europeia, como a Itália, manifestaram disposição para buscar soluções, apesar de críticas públicas à abordagem de Trump.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, declarou estar pronta para usar “todas as ferramentas disponíveis” para proteger os interesses econômicos de seu país, enquanto o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, enfatizou que qualquer acordo dependerá de propostas concretas e viáveis apresentadas pelos negociadores estrangeiros.
Em sua mais recente publicação na rede social, Donald Trump afirmou que as tarifas estão trazendo bilhões de dólares aos Estados Unidos, provenientes de “países que abusam” do sistema comercial, e que esse montante está contribuindo para acelerar a recuperação econômica do país.
” Os preços do petróleo estão caindo, as taxas de juros estão caindo (o Fed, que se move lentamente, deveria cortar as taxas!), os preços dos alimentos estão caindo, NÃO HÁ INFLAÇÃO, e os EUA, que por tanto tempo foram abusados, estão trazendo bilhões de dólares por semana dos países abusadores por meio de tarifas que já estão em vigor. Isso apesar do fato de que o maior abusador de todos, a China, cujos mercados estão colapsando, acabou de aumentar suas tarifas em 34%, além de suas tarifas já ridiculamente altas de longo prazo (e mais!), ignorando meu aviso para que os países abusadores não retaliassem. Eles já lucraram o suficiente, por décadas, aproveitando-se do bom e velho EUA! Nossos “líderes” do passado são os culpados por permitirem isso, e tantas outras coisas, acontecerem com nosso país. FAÇA A AMÉRICA GRANDE NOVAMENTE!”
A estratégia de Trump, que ele próprio descreveu como uma forma de “libertar” a economia americana de práticas comerciais desleais, já provoca reações distintas ao redor do globo.
Alguns governos, como o da China, optaram por retaliar rapidamente, enquanto outros, como o Brasil, que terá seus produtos taxados em 10%, avaliam uma combinação de diálogo e possíveis contramedidas legais via Organização Mundial do Comércio (OMC).
A escalada dessa tensão comercial levanta questões sobre o futuro das relações econômicas internacionais, especialmente em um momento em que a globalização enfrenta ventos contrários.
Analistas apontam que a pressa em negociar pode ser um sinal de pragmatismo, mas também de temor, as tarifas, que variam de uma base de 10% até percentuais mais altos para países específicos, como 34% para a China e 20% para a União Europeia, ameaçam encarecer produtos e desestabilizar cadeias de suprimento globais.
Para os Estados Unidos, o plano é ambicioso: usar o peso de seu mercado consumidor para forçar concessões e atrair investimentos industriais, e já está acontecendo.
No entanto, vozes críticas, como a do ex-secretário do Tesouro Lawrence Summers, sugerem que a dualidade de objetivos – fortalecer a manufatura doméstica e ao mesmo tempo abrir espaço para acordos – pode gerar contradições difíceis de resolver.
Enquanto as negociações avançam, o cenário econômico mundial acompanha com atenção. Os próximos dias, com a entrada em vigor das taxas mais elevadas prevista para 9 de abril, prometem ser decisivos para definir se a aposta de Trump resultará em uma reconfiguração do comércio global ou em um aprofundamento das tensões já existentes.
Por ora, a mensagem de Washington é clara: o diálogo está aberto, mas os termos serão ditados pelos interesses americanos.
