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Países considerados adversários não sofreram taxação pelos EUA

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O recente anúncio de tarifas comerciais pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em 2 de abril de 2025, trouxe à tona uma questão intrigante: por que países como Rússia, Coreia do Norte, Cuba, Mianmar como exemplos, assim como outros, frequentemente vistos como adversários geopolíticos dos EUA, não foram incluídos na lista de nações sujeitas às novas taxações? A resposta a essa aparente anomalia reside em uma combinação de pragmatismo econômico, contexto histórico e estratégias políticas que transcendem a retórica de confronto.

Primeiramente, a lógica por trás da exclusão desses países está ligada ao volume insignificante de comércio que mantêm com os Estados Unidos.

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No caso da Rússia, por exemplo, o intercâmbio comercial caiu drasticamente nos últimos anos devido a sanções impostas após a invasão da Ucrânia em 2022. Dados indicam que o comércio de bens entre os dois países, que alcançava cerca de US$ 36 bilhões em 2021, despencou para aproximadamente US$ 3,5 bilhões em 2024.

Essa redução demonstra o impacto das restrições econômicas já existentes, tornando novas tarifas praticamente irrelevantes. Como apontado por Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, em entrevista ao Axios, a Rússia foi deixada de fora porque “não há comércio significativo” a ser taxado, um argumento reforçado pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, à Fox News, que destacou que as sanções atuais já “interromperam efetivamente” as trocas comerciais.

Cuba e Coreia do Norte seguem um padrão semelhante, mas com nuances distintas. Cuba, sob um embargo econômico americano desde a década de 1960, exporta menos de US$ 4 milhões anualmente para os EUA, principalmente em itens como pinturas e esculturas, enquanto suas importações oficiais são limitadas a ajuda humanitária.

A Coreia do Norte, por sua vez, opera sob um isolamento econômico quase total, com sanções da ONU e dos EUA que restringem severamente qualquer fluxo comercial.

Nesse sentido, impor tarifas adicionais a esses países seria um gesto redundante, já que as barreiras existentes com sanções e embargos, já eliminam qualquer potencial de comércio significativo que pudesse ser alvo de taxação.

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Além disso, a decisão pode ser interpretada como uma escolha estratégica de Trump para evitar escaladas desnecessárias com nações onde as relações já são profundamente tensas.

Diferentemente de aliados como Canadá e México, que também foram poupados devido ao Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), ou de parceiros comerciais como China e União Europeia, que enfrentam tarifas retaliatórias de até 54% e 10% respectivamente, Rússia, Coreia do Norte, Cuba e algusn outros na mesma situação, não representam uma ameaça econômica imediata aos interesses americanos.

A abordagem de Trump parece priorizar países com os quais os EUA mantêm um déficit comercial expressivo ou que possam ser pressionados a negociar melhores termos, algo inviável com esses três Estados devido ao seu isolamento econômico e político.

Uma perspectiva alternativa sugere que a exclusão também evidencia uma postura calculada para manter foco em objetivos domésticos. Trump apresentou as tarifas como parte de sua promessa de campanha “Make America Great Again”, visando proteger a indústria interna e reduzir o déficit comercial americano, estimado em US$ 1,2 trilhão.

Incluir países com comércio mínimo na lista poderia diluir a narrativa de “reciprocidade”, e a ideia de que as tarifas espelham as taxas impostas por outras nações aos produtos americanos, é abrir espaço para críticas de incoerência, especialmente quando comparado ao tratamento dado ao Irã, que, apesar de sancionado, foi alvo de tarifas adicionais.

Assim, a ausência de Rússia, Coreia do Norte, Cuba, Mianmar como exemplos na política tarifária de Trump, não indica uma aproximação ideológica ou fraqueza, como alguns críticos poderiam sugerir, mas sim uma avaliação pragmática de onde o impacto econômico seria mais sentido.

Enquanto nações como Brasil e Japão enfrentam taxas de 10% e 24%, respectivamente, esses três países permanecem fora do radar tarifário, não por mérito ou favoritismo, mas porque já estão confinados a uma esfera de isolamento que os torna irrelevantes para os cálculos comerciais de Washington em 2025.

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