Após 52 dias detido, o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, foi libertado em 7 de março de 2025, por decisão do Tribunal Distrital Central de Seul. Embora permaneça formalmente no cargo, ele está afastado de suas funções devido a um processo de impeachment em andamento, desencadeado por sua controversa tentativa de impor lei marcial em dezembro de 2024. A libertação marca um novo capítulo na crise política que abalou o país, mas não encerra os desafios legais que Yoon enfrenta, já que os julgamentos criminais e constitucionais contra ele prosseguem.
Yoon, que deixou o centro de detenção em Seul na manhã de sábado, 8 de março, expressou gratidão ao tribunal por, em suas palavras, “corrigir a ilegalidade” de sua prisão. Ele havia sido detido em 15 de janeiro acusado de insurreição, um crime grave que pode levar à prisão perpétua ou até à pena de morte, embora esta última não seja aplicada no país há décadas. Sua defesa argumentou que o processo de investigação foi conduzido de forma irregular, uma visão parcialmente acolhida pelo tribunal, que apontou falhas no timing da acusação e questionamentos sobre a legitimidade das etapas investigativas.
A saga de Yoon reflete a fragilidade da estabilidade política em uma democracia relativamente jovem como a sul-coreana. Eleito em 2022 com uma plataforma conservadora e uma vitória apertada, o ex-promotor ganhou notoriedade por combater a corrupção, mas sua gestão foi marcada por polarização e escândalos, incluindo controvérsias envolvendo sua esposa.
A decisão de declarar lei marcial, que durou apenas algumas horas antes de ser revertida pelo Parlamento, foi o estopim para sua queda. Para muitos, o ato evocou memórias sombrias dos tempos de ditadura militar, enquanto Yoon justificou a medida como uma tentativa de conter o que chamou de “forças antiestatais”.
A libertação de Yoon não significa absolvição. Ele enfrenta um julgamento criminal por insurreição e um processo no Tribunal Constitucional, que decidirá até 10 de junho de 2025 se seu impeachment será confirmado, levando a novas eleições, ou anulado, permitindo seu retorno ao poder. Enquanto isso, o país segue sob liderança interina do ministro das Finanças,
Choi Sang-mok, em meio a um clima de incerteza. A decisão do tribunal, embora um alívio temporário para Yoon, reacende debates sobre o equilíbrio entre justiça, política e o Estado de direito na Coreia do Sul, com os olhos do mundo voltados para os próximos desdobramentos dessa crise sem precedentes.