Vladimir Putin, em uma resposta velada ao presidente francês Emmanuel Macron, trouxe à tona o espectro histórico da fracassada campanha de Napoleão Bonaparte contra a Rússia, usando o passado como um espelho para refletir sobre o presente. Após Macron sugerir que a Rússia representa uma ameaça à Europa e levantar a possibilidade de expandir o guarda-chuva nuclear francês, Putin optou por uma réplica carregada de simbolismo.
Sem mencionar diretamente o líder francês, ele evocou a invasão de 1812, quando Napoleão, à frente de um exército colossal, subestimou a resistência russa e acabou derrotado não apenas pelas armas, mas pela resiliência de um povo e pela vastidão de um território implacável.
Putin destacou que a ideia de conquistar a Rússia é uma ilusão condenada ao fracasso, enraizada na força inabalável de seus soldados e na memória coletiva de um país que transformou adversidades em triunfos.
“Há aqueles que sonham em reviver os tempos de Napoleão, mas esquecem como isso terminou”, afirmou ele em um tom que mescla advertência e confiança, durante um encontro televisionado em 6 de março de 2025.
A mensagem é clara: a história ensina que a Rússia não se curva facilmente, uma lição que, segundo ele, alguns líderes ocidentais parecem ignorar.
A campanha de Napoleão, conhecida por sua ambição desmedida, viu o Grande Armée, com cerca de 600 mil homens, marchar rumo a Moscou apenas para encontrar uma cidade vazia e em chamas, resultado da estratégia russa de terra arrasada.
O inverno rigoroso e os ataques persistentes das forças russas dizimaram as tropas francesas, reduzindo-as a uma fração de seu tamanho original. Putin usa esse episódio como uma metáfora poderosa, sugerindo que qualquer tentativa moderna de subjugar a Rússia enfrentaria um destino igualmente sombrio, não por mera coincidência, mas pela essência de um povo que ele descreve como inquebrantável.
Essa troca de farpas reflete tensões mais amplas entre Moscou e o Ocidente, especialmente no contexto da guerra na Ucrânia e das declarações de Macron sobre o papel da França na segurança europeia. Enquanto Macron busca posicionar seu país como um pilar de defesa continental, Putin reafirma a narrativa de uma Rússia inviolável, cujos soldados carregam não apenas armas, mas o peso de uma história de resistência.
Para ele, a “impossibilidade” de conquistar a Rússia não é apenas uma questão militar, mas um testemunho da determinação que atravessa gerações, um espírito que transforma o país em um adversário formidável, independentemente das circunstâncias. Assim, o presidente russo não apenas provoca seu colega francês, mas também projeta uma visão de força que desafia qualquer um a repetir os erros do passado.