Hyundai e Posco unem forças nos EUA para driblar tarifas e impulsionar mobilidade elétrica
Em uma reviravolta histórica, as gigantes sul-coreanas Hyundai Motor Group e Posco Group, rivais de longa data, anunciaram uma parceria estratégica nos Estados Unidos para enfrentar as tarifas de 25% impostas pelo governo americano sobre aço e automóveis.
A colaboração, formalizada nesta segunda-feira em Seul, combina esforços na produção de aço automotivo e materiais para baterias de veículos elétricos, marcando a primeira aliança das empresas no exterior.
O objetivo é claro: garantir competitividade em um mercado pressionado por barreiras comerciais e acelerar a transição para a mobilidade sustentável.
A peça central do acordo é uma fábrica de aço de US$ 5,8 bilhões em Louisiana, que utilizará fornos de arco elétrico para produzir 2,7 milhões de toneladas anuais de chapas de aço para automóveis a partir de 2029.
A planta, estrategicamente localizada próxima às fábricas da Hyundai no Alabama, da Kia na Geórgia e da nova unidade Metaplant America, também na Geórgia, atenderá não apenas o grupo Hyundai, mas também outras montadoras americanas.
A Posco, que busca consolidar sua presença na América do Norte, planeja investir na construção da fábrica e vender parte da produção diretamente, reduzindo custos com tarifas. “Essa parceria é uma resposta inteligente ao ambiente comercial global, que exige soluções locais para desafios globais”, afirmou Lee Joo-tae, presidente da divisão de estratégia futura da Posco Holdings, durante a assinatura do memorando de entendimento.
Além do aço, a aliança se estende ao setor de baterias. A Hyundai, que almeja vender 3,26 milhões de veículos elétricos por ano até 2030, contará com a expertise da Posco Future M, subsidiária do grupo Posco, na produção de materiais como lítio, cátodos e ânodos.
A Posco já explora recursos de lítio em minas e lagos salgados no exterior, garantindo uma cadeia de suprimentos robusta. A colaboração inclui pesquisa conjunta para desenvolver materiais de baterias de próxima geração, como as de estado sólido, que prometem maior eficiência e segurança. “Unir forças com a Posco nos dá uma vantagem estratégica para atender às exigências de mercados como os EUA e a Europa, onde regulamentações comerciais estão cada vez mais rígidas”, destacou Han Seok-won, vice-presidente executivo da Hyundai Motor Group.
A parceria surge em resposta às políticas protecionistas do governo de Donald Trump, que reimpôs tarifas de 25% sobre aço e alumínio importados em março de 2024, além de ameaçar taxas adicionais sobre automóveis. Essas medidas forçaram empresas globais a investir em produção local para evitar custos extras.
A Hyundai, já investiu mais de US$ 16 bilhões nos EUA desde 2021, e já anunciou no último mês um plano de mais US$ 21 bilhões até 2028, incluindo a nova fábrica de aço e a expansão da produção de veículos e baterias na Geórgia.
A Posco, por sua vez, vê na aliança uma oportunidade de superar barreiras anteriores para entrar no mercado americano, onde tentativas passadas, como a construção de laminadoras no Alabama há mais de uma década, foram frustradas por altos custos trabalhistas.
Para analistas, a união é um marco na indústria sul-coreana. “Hyundai e Posco estão reescrevendo as regras da competição ao transformar rivalidade em colaboração”, avalia Kim De-jong, professor de negócios da Universidade Sejong.
Ele destaca que a parceria não apenas reduz o impacto das tarifas, mas também posiciona as empresas como líderes em tecnologias verdes, como aço de baixa emissão de carbono e baterias avançadas.
No entanto, desafios persistem. A Posco negocia sua participação acionária na fábrica de Louisiana, e fontes do setor indicam que interesses de outros gigantes globais do aço podem complicar as discussões.
Enquanto as empresas avançam, o impacto local em Louisiana já é celebrado. A fábrica criará mais de 1.400 empregos diretos, reforçando a economia da região.
Para a Hyundai e a Posco, a aposta é alta: a aliança não é apenas uma resposta às tarifas, mas um passo audacioso para moldar o futuro da mobilidade em um mundo de restrições comerciais e demandas por sustentabilidade.
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