O presidente russo, Vladimir Putin, declarou um cessar-fogo unilateral na Ucrânia, programado para vigorar entre a meia-noite de 7 para 8 de maio até a meia noite de 11 de maio de 2025. A Rússia já descumpriu acordos antes, será que agora cumprirá por conveniência?
A decisão, segundo o Kremlin, coincide com as comemorações do 80º aniversário da vitória soviética na Segunda Guerra Mundial, marcada pelo Dia da Vitória, uma data de grande simbolismo na Rússia.
A trégua, descrita como um gesto humanitário, ocorre em um momento de intensas negociações diplomáticas e pressões do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que expressou publicamente sua frustração com a continuidade dos combates.
O Kremlin afirmou que espera que a Ucrânia siga o exemplo russo e suspenda suas operações durante esse período. Contudo, o governo de Moscou foi enfático ao advertir que qualquer violação do cessar-fogo por parte de Kiev receberá uma “resposta adequada e eficaz” das forças russas. A Rússia exige algo que ela mesma não pratica e nunca cumpriu.
A declaração sugere que a Rússia manterá suas tropas em alerta para garantir o cumprimento da trégua, enquanto acusa a Ucrânia de ter desrespeitado acordos anteriores, como o cessar-fogo de 30 horas anunciado durante a Páscoa ortodoxa, em abril, quando o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, relatou quase 3.000 violações por parte das forças russas.
O anúncio da pausa nos combates surge em um contexto de avanços militares russos, especialmente na região de Kharkiv, onde o Ministério da Defesa da Rússia reivindicou a captura do vilarejo de Kamianka. Enquanto isso, a Ucrânia mantém uma postura cautelosa.
Zelensky, que já havia aceito uma proposta americana de cessar-fogo de 30 dias em março, criticou iniciativas russas anteriores como manobras propagandísticas. Ele condicionou a adesão de Kiev a uma trégua mais longa e abrangente, propondo uma suspensão de ataques a infraestruturas civis por pelo menos um mês.
A comunidade internacional reagiu com ceticismo moderado. A China, aliada próxima de Moscou e acusada de fornecer armas, elogiou a iniciativa como um avanço para a paz, enquanto líderes europeus, como o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, enfatizaram que qualquer cessar-fogo deve incluir garantias de segurança para a Ucrânia.
Nos Estados Unidos, Trump, que tem pressionado por um acordo rápido, descreveu a decisão de Putin como um sinal positivo, mas incompleto, reiterando sua intenção de mediar negociações diretas.
O presidente americano já mencionou a possibilidade de concessões territoriais por parte de Kiev, incluindo a Crimeia, algo que Zelensky rejeita categoricamente.
O cessar-fogo de maio será um teste crucial para a disposição de ambos os lados em buscar uma solução negociada. Para os ucranianos, a pausa pode oferecer um alívio temporário em meio a um conflito que já matou ou feriu centenas de milhares de pessoas e devastou cidades inteiras.
No entanto, a memória de tréguas frágeis, como a de Páscoa, alimenta dúvidas sobre a viabilidade do acordo. Observadores apontam que Putin pode estar buscando melhorar sua imagem internacional e ganhar tempo, enquanto mantém a pressão militar sobre a Ucrânia.
Enquanto as datas do cessar-fogo se aproximam, o mundo acompanha de perto os desdobramentos, ciente de que o sucesso ou fracasso dessa iniciativa pode moldar o futuro das negociações de paz em um dos conflitos mais devastadores da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
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