Em mais um capítulo da escalada de tensões comerciais entre Washington e Pequim, o presidente Donald Trump intensificou sua retórica ao alertar que os Estados Unidos podem impor uma tarifa adicional de 50% sobre produtos chineses.
A medida, anunciada nesta segunda-feira, 7 de abril de 2025, depende de uma condição clara: a China deve suspender, até o dia seguinte, suas tarifas retaliatórias de 34% aplicadas a bens americanos. Caso contrário, Trump prometeu avançar com a taxação, sinalizando uma postura inflexível que pode aprofundar o embate econômico entre as duas maiores potências globais.
A ameaça veio por meio de uma publicação em sua rede social, a Truth Social, onde o presidente declarou que a China “jogou errado” ao optar pela retaliação e que os EUA não tolerarão mais desequilíbrios comerciais. Ele argumentou que o déficit com o país asiático, que atingiu cerca de 295 bilhões de dólares em 2024, segundo dados do Escritório do Representante Comercial dos EUA, exige ações drásticas.
Para Trump, as tarifas são uma ferramenta essencial para reequilibrar as relações comerciais e proteger a indústria americana, uma visão que ele defende desde sua primeira gestão.
Do outro lado, Pequim reagiu com duras críticas, autoridades chinesas classificaram as políticas tarifárias de Trump como uma forma de “intimidação econômica” e “unilateralismo”, acusando os EUA de minarem a estabilidade do comércio global.
Em comunicado oficial divulgado pelo jornal estatal People’s Daily, o governo chinês afirmou que “o céu não vai desmoronar” diante das pressões americanas e que possui instrumentos para lidar com o impacto.
Na última sexta-feira, a China já havia anunciado medidas de resposta, incluindo a suspensão de importações de produtos agrícolas americanos, como sorgo e aves, além de restrições à exportação de minerais de terras raras, essenciais para tecnologias avançadas.
A nova investida de Trump ocorre em um momento de fragilidade nos mercados globais, que já registram quedas acentuadas desde o início de sua ampla política tarifária, apelidada de “Dia da Libertação”, lançada na semana passada.
Além da taxação de 34% sobre a China, que se soma a tarifas anteriores, os EUA implementaram um aumento geral de 10% sobre importações de diversos países desde sábado, com taxas ainda mais altas previstas para entrar em vigor na quarta-feira. Esse cenário tem gerado temores de uma guerra comercial em larga escala, com analistas alertando para possíveis recessões e interrupções nas cadeias de suprimentos internacionais.
Enquanto Trump insiste que suas ações trarão “justiça” ao comércio americano, a China parece determinada a não ceder. Especialistas apontam que, embora os EUA importem três vezes mais da China do que exportam – 438,9 bilhões contra 143,5 bilhões de dólares em 2024, conforme o mesmo relatório do governo americano, a interdependência econômica entre os dois países torna os custos de uma escalada difíceis de prever.